quarta-feira, 11 de novembro de 2015


Memória poética...




HELIOTRÓPIO


Antonio Neves de Melo




Topázio de áurea cor resumes o tesoiro
Da virgem natureza, inculta e florescente,
Segues no zodiacal curso o rubro astro de oiro
Sorvendo-lhe a brilhante e forte seiva ardente.

Se é dia bebe a flor o perfume e o redoiro
Da luz a cintilar radiosa e resplandecente...
Há vibrações de amor em o bruxuleio loiro
Da agonia da tarde a palpitar dolente.

E se à noite, ao luar, estrelas prateadas,
Brilham, ò gira-sol, no azul do firmamento,
Com as fulgurações de amor cristalinizadas.

Pendes como uma morta e emurchecida palma,
Tais como na velhice os sonhos que o violento
Ardor da mocidade embalsamiza n'alma!...




(MELO, Antonio Neves de. Heliotrópio. In: AIRES, Felix (Org.). Antologia de Sonetos Piauienses. Brasília: Senado Federal - Centro Gráfico, 1972; p. 101).

     

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