Memória poética...
O MAR E O BÚZIO
Raimundo de Brito Melo
Dentro da grande dor, imensa dor que o prende,
Cada onda é um corcel de alvas crinas ao sol,
Que revolto e revel sobre escolhos se estende
Dês que vem sobre a terra o clarão do arrebol.
E nessa exaltação, sempre a lutar em prol
De o universo transpor esbordoa-o e o ofende,
E a marcha veloz sobre as praias que defende
Traçando sobre o areal o lento caracol.
Mas cessado o rumor do tropel da borrasca
Fica o búzio infeliz ocultando consigo
A harmonia do mar no côncavo da casca.
E vai de plaga em plaga, anda de terra em terra,
Avarento a guardar como um troféu antigo,
No milagre do som, o tesouro que encerra.
(MELO, Raimundo de Brito. O Mar e o Búzio. In: AIRES, Felix (Org.). Antologia de Sonetos Piauienses. Brasília: Senado Federal - Centro Gráfico, 1972; p. 107).
Nenhum comentário:
Postar um comentário