quinta-feira, 6 de agosto de 2015


Memória poética...







TEU RETRATO II


Assis Fortes









Sei que entendeste,
Sei que compreendeste,
Eu não tive a intenção
De magoar teu coração.
Não quis ofender, de fato,
O teu airoso retrato
Que, com porte e majestade,
Refletia, na verdade,
A pureza e a bondade
De alguém que amou tanto
Mas que, ouvindo outro canto,
Deixou o meu peito em pranto,
Maltratado pela dor,
Por aquilo que fizeste,
Pela topada que deste
No caminho do amor,
E eu, decepcionado,
Humilhado, irritado,
Não aceitei o pedido
Que, pra mim, não fez sentido,
De desculpas, de perdão,
De reconciliação.
Não soube avaliar
A tua inexperiência
E, do meio, a influência
Que te levou a outra estrada
E deixou-me em estacada,
Atônito, sem opção,   
Sangrando o coração,
Embora fosses, querida,
O amor da minha vida,
Preferi a despedida.
Retiro, então, a ofensa,
Se é que ofensa fiz,
Ao retrato sorridente
Que um dia me falou
De carinho, de amor,
Mas depois, indiferente,
Ficou sisudo e silente.
Meu peito é chama de amor,
Não guarda ódio, rancor,
De tua fotografia,
Do teu retrato airoso,
Do teu sorriso formoso.
Desejo que "teu retrato"
Siga o caminho, de fato,
Do bem, do amor, da verdade,
Da própria felicidade.

Balsas, Maranhão, 22 de julho de 1984.


(FORTES, Assis. Minha terra, meus poemas. Teresina: Academia Piauiense de Letras, 1989; p. 85).   



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