domingo, 14 de fevereiro de 2016


Memória Poética...


 

 

ODE À LÁGRIMA RECLUSA


Vidal da Penha Ferreira







No sorriso de agora, encerro todo o pranto
Que não chorei jamais. Os olhos tive enxutos
E ainda assim os conservo escondendo os minutos
Intérminos de dor. amei a vida, tanto.

E amando-a continuo amando os diminutos
Instantes de ilusão, o sempterno encanto
Da mulher e da flor, a luz, a cor, o canto
E até mesmo o prazer dos vícios dissolutos.

No fervor deste culto, - arrebatado e insano
Sonhador! - Sei-me forte, e ante à mágoa e o percalço
Tenho a fé de um cruzado e a fibra de um espartano.

E, por sonhar e amar, sorrindo é que transponho
Os tormentos da luta e, como um estóico exalço
As benesses do amor e as dádivas do sonho.



   
(FERREIRA, Vidal da Penha. Ode à Lágrima Reclusa. In: GONÇALVES, Wilson Carvalho. Antologia dos Poetas Piauienses. Teresina: Edição do Autor, 2006; p. 281).


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