Memória poética...
DESTINO
Vidal da Penha Ferreira
Ontem, à noite, enquanto eu rezava
Prostrado ante o altar, lá na capela,
Notei uma esperança que voava
Em torno à chama ardente de uma vela.
De tanto esvoaçar, já se cansava
A pobre a esperança, e quando pela
Décima vez a chama volteava,
Caiu de repente, em cheio, dentro dela.
E o lume impiedoso, então queimando,
Aquele pobre ser foi transformando
Num mísero pedaço de carvão.
Também, na vida, somos esperança
Caindo, com a mesma semelhança,
Na chama viva e ardente da ilusão!
(FERREIRA, Vidal da Penha. Destino. In: AIRES, Felix (Org.). Antologia de Sonetos Piauienses. Brasília: Senado Federal - Centro Gráfico, 1972; p. 138)
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