quarta-feira, 9 de setembro de 2015


Memória poética...






DESTINO


Vidal da Penha Ferreira







Ontem, à noite, enquanto eu rezava
Prostrado ante o altar, lá na capela,
Notei uma esperança que voava
Em torno à chama ardente de uma vela.

De tanto esvoaçar, já se cansava
A pobre a esperança, e quando pela
Décima vez a chama volteava,
Caiu de repente, em cheio, dentro dela.

E o lume impiedoso, então queimando,
Aquele pobre ser foi transformando
Num mísero pedaço de carvão.

Também, na vida, somos esperança
Caindo, com a mesma semelhança,
Na chama viva e ardente da ilusão!




(FERREIRA, Vidal da Penha. Destino. In: AIRES, Felix (Org.). Antologia de Sonetos Piauienses. Brasília: Senado Federal - Centro Gráfico, 1972; p. 138) 

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