sexta-feira, 16 de setembro de 2016


Memória Cronológica...



NA LINHA DO TEMPO 

16 de setembro


Por: Augusto Brito





Ano: 1896

Dia da semana: quarta-feira



Por ordem do bispo diocesano do Maranhão, o escrivão da Câmara Eclesiástica, cônego Antônio Rodrigues Sodré, certifica a existência do registro testamentário de Manoel Dantas Correia, datado de 04.01.1800, em assento efetuado pelo escrivão do Público Judicial e Notas da então Vila de São João da Parnahyba, Domingos de Freitas Caldas.





Ano: 1960

Dia da semana: sexta-feira



O jurista piracuruquense Joaquim de Sousa Neto (imagem à esquerda) é promovido a desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).








(BRITO, Augusto. Anotações para a Memória Cronológica de Piracuruca: uma contribuição para a escrita da história do norte piauiense).


  

quinta-feira, 15 de setembro de 2016


Memória Cronológica...



NA LINHA DO TEMPO 

15 de setembro


Por: Augusto Brito





Ano: 1745

Dia da semana: quarta-feira



Por provisão da Cúria de São Luiz, Maranhão, o padre Manuel Pinto Ribeiro é nomeado cura encomendado do curato de Piracuruca.



O padre José Ferreira Mendes é nomeado capelão de Nossa Senhora dos Remédios (hoje Buriti dos Lopes), à época pertencente à freguesia de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Piracuruca.



Ano: 1927

Dia da semana: quinta-feira



Nasce, em Piracuruca, a teatróloga, atriz e diretora de teatro Maria Bitencourt Lopes (Maroquinha).




Ano: 1939

Dia da semana: sexta-feira



Fundado o “Cassino 16 de Julho”, mediante aprovação de seu estatuto por parte dos sócios-fundadores: Mariano de Brito Melo, James da Costa Azevedo, Manoel Ribeiro de Alcobaça, Antônio de Morais Brito, Antônio Badaró Ribeiro, José Bitencourt Pereira (Bite Pereira), Francisco Paulo (presidente executivo) e João Fortes de Siqueira (presidente de honra). A sede social da agremiação (na imagem acima) passa a funcionar à Rua Senador Gervásio, no prédio em que residiu Antônio Raimundo Machado (Tote Machado).





(BRITO, Augusto. Anotações para a Memória Cronológica de Piracuruca: uma contribuição paraa escrita da história do norte piauiense).





quarta-feira, 14 de setembro de 2016


Memória Cronológica...



NA LINHA DO TEMPO 

14 de setembro


Por: Augusto Brito






Ano: 1744
Dia da semana: segunda-feira

Ana Pereira recebe carta de concessão de data de sesmaria de terras na freguesia de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Piracuruca. O documento, subscrito por João de Abreu de Castelo Branco, assentado no Livro de Registros de Datas de Sesmarias nº 12, nº 122, fls. 100-100-v, no Arquivo Público do Estado do Pará, traz, em seu teor,

[...] que Anna Pereyra me Reprezentou que ella carecia de trez legoas de terra de comprido, e huma de largo na freguesia de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Piracuruca Capitania do Piagui, e porque as avia devolutas, me pedia fosse servido, concederlhas [...] pelo Riacho de Santiago assima, fazendo peão no lugar chamado atoleiro, legoa e meya para a parte do Sul, fazendo extremas com o Rozario, e huma Legoa de largo meya para a parte do nascente, e meia para o poente; [...].

Ano: 1909
Dia da semana: terça-feira

O padre Clarindo Lopes Ribeiro assume o cargo de vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Piracuruca, permanecendo até 01.09.1910.





(BRITO, Augusto. Anotações para a Memória Cronológica de Piracuruca: uma contribuição para a escrita da história do norte piauiense).




terça-feira, 13 de setembro de 2016


Memória Cronológica...




NA LINHA DO TEMPO

13 de setembro


Por: Augusto Brito





Ano: 1743

Dia da semana: sexta-feira



Teodósio dos Remédios Antonino e Antônio Tavares dos Remédios recebem carta de concessão de data de sesmaria no sítio Jacaraí de Baixo, freguesia de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Piracuruca. No documento, assinado pelo governador e capitão general do Estado do Maranhão, João de Abreu de Castelo Branco, assentado no Livro de Registro de Datas de Sesmarias nº 12, documento nº 57, fls. 52v-53v, no Arquivo Público do Estado do Pará (imagem acima), lê-se:



[...] Theodozio dos Remedios Antoninho e Antonio Tavares dos Remedios me Reprezentaraó que elles tinhaó Seus Gadoz vacûns, e cavalares para apacentar os quais Se não achavaó com terraz proprias, e porque no Citio Jacarêhy freguesia da Piracuruca Se achavaó bastantes Sobras de terras me pedia foce Servido concederlhe [...] tres Legoas de terra de comprido e huá de Largo principiando nas testadas do dito citio Jacarêhy de baixo Pello Riacho asima continuando Sem enteraçaò athê toparem com terras já concedidas a outrem, e cazo que antes [de] inteirados Se topem com as de algú provido possaó Sahir por qualquer dos corregos que no dito Riacho Jacarêhy fazem barra, a Saber pelo corrego buritizal que fica na eztrada da Matris, e faz barra abayxo do Corral dos Temguis, ou por outra de outra parte que mais conveniente lhe for [...].






(BRITO, Augusto. Anotações para a Memória Cronológica de Piracuruca: uma contribuição para a escrita da história do norte piauiense).

 


segunda-feira, 12 de setembro de 2016


Memória Prosaica...

 


MEMÓRIAS DE UM EX-CLANDESTINO

(Prólogo)


Henrique de Carvalho Matos




          "Estas Memórias de um ex-clandestino enfocam a vida de um estudante da década de 60. Todos os fatos aqui relatados realmente ocorreram. Somente o nome real da companheira Izabel não foi revelado, por não me lembrar mais. Nestas narrativas, procurei obstinadamente ser fiel às minhas memórias. Arrastado pelo torvelinho das paixões políticas, vivenciei, como estudante, provavelmente, um dos períodos mais agitados da política brasileira.

            Foi no início da década de 60 que o movimento estudantil encontrou um campo fértil para o seu desenvolvimento. O clima de liberdade vivido dentro das Universidades e Escolas Secundárias, antes de 1964, permitiu à UNE (União Nacional dos Estudantes) se colocar como um braço resoluto em defesa das lutas sociais no país, na medida em que aumentavam as suas lutas reivindicatórias.

            Com o movimento militar de 31 de março de 1964, a chamada luta pela "revolução brasileira" foi bruscamente interrompida. A CGT (Central Geral dos Trabalhadores), os principais sindicatos, a UNE, foram fechadas, e os seus líderes presos ou procurados. A repressão castigou duramente a vanguarda dos movimentos populares.

            A liderança estudantil se sentiu órfã, sem saber em quem ou em que se apoiar para iniciar a resistência ao governo militar. Sem preparação política, sem experiência e amadurecimento, centenas de estudantes em todo o país começaram a reagir e a desempenhar, sem querer, um papel de vanguarda das lutas sociais.

            Toda a frustração daqueles que aspiravam por mudanças, reformas ou revolução, nos mais diversos setores da sociedade, foi transportada e concentrada bruscamente para as cabeças inquietas e rebeldes dos estudantes. A partir de 1968, o dique que represava todas estas frustrações foi rompido com a morte do estudante Edson Luiz, no Restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro. A liderança estudantil assume de fato o papel de vanguarda na luta contra o autoritarismo. Na mesma medida que o governo militar reagia pela força contra o movimento estudantil, este radicalizava suas posições ideológicas passando a adotar posições revolucionárias cada vez mais à esquerda.

            Antes de 1964, os grupos políticos que detinham o controle da UNE eram basicamente dois: a A.P. (Ação Popular) e o P.C.B. (Partido Comunista Brasileiro). O primeiro grupo era originário da J.U.C. (Juventude Universitária Católica) e se posicionava politicamente para os estudantes com um misto de reformismo e revolução. Estava muito ligado ao setor da Igreja Católica progressista. Tinha como o seu competidor principal o Partido Comunista e às vezes assumia posições conjuntas com os minúsculos grupos de direita. No entanto, depois de abril de 1964, a A.P. radicalizou, se posicionando à esquerda do P.C.B. e assumiu ideologicamente uma concepção "marxista-leninista".

            O Partido Comunista Brasileiro, que antes de 1964 tinha uma sólida penetração nos meios universitários, adotava uma posição híbrida entre reforma e revolução. Do ponto de vista internacional era favorável à coexistência pacífica, e seguia sem maiores discussões a orientação da União Soviética. No plano interno, pregava uma aliança com a burguesia para poder realizar o primeiro passo da chamada "revolução brasileira". Depois de 1964, os líderes do P.C.B. ficaram bastante desacreditados perante os estudantes e nas discussões se negavam a fazer a "autocrítica". A consequência de tudo isto resultou em dissidências que romperam com o Partido. Saíram para várias agremiações, na sua maioria compostas por grupos mais à esquerda, tais como POLOP (Política Operária), o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), a ALN (Aliança Libertadora Nacional), POC (Partido Operário Comunista) e PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista).

            Com a reanimação do movimento estudantil a partir de 1967, o PCB perde grande parte de seus membros. Igualmente perde posições dentro dos Diretórios Acadêmicos nas Universidades e na Diretoria da UNE, esta na clandestinidade. A AP cresce de prestígio entre os estudantes e ocupa a maioria dos postos na liderança estudantil. Em alguns estados, como na Guanabara, as "dissidências" do PCB conseguem ganhar alguns D.C.Es (Diretório Central dos Estudantes), num clima de boa convivência com a AP.

            No ano de 1968, a liderança estudantil chega ao ápice de organização e mobilização, como não havia sido registrado nem mesmo antes do golpe militar. Manifestações populares são realizadas, sob a égide dos estudantes, convocando ao povo, e principalmente aos trabalhadores, a se incorporarem na luta contra o autoritarismo. No rio de Janeiro, e em todo o país, são realizadas grandes manifestações populares e estudantis. O governo toma cautela. Ora permite a realização de manifestações pacíficas, ora as proíbe com repressão violenta. a liderança estudantil, concentrada dentro das Universidades, em geral estavam a salvo das prisões que se realizavam nas ruas.

            No segundo semestre de 1968, já se percebia a "fadiga" das manifestações. O governo militar demonstrava ter fôlego para resistir, e ideia, generalizada entre os estudantes e populares, de estar próximo a derrubada do autoritarismo, não acontecia. A divisão entre a liderança estudantil se acirrou. A intolerância de posições políticas entre a AP e a dissidência do PCB, representadas nos líderes Travassos e Vladimir Palmeira, atingiu níveis de desgaste comprometendo a continuação da luta. A UNE esteve a ponto de se dividir. A preparação do 30º Congresso da UNE acenou com a possibilidade da existência de duas UNEs. O governo militar aproveitou a oportunidade para dar um duro golpe nos estudantes durante a realização do 30º Congresso da UNE, realizado na clandestinidade em Ibiúna (SP).

            A partir desse acontecimento, o movimento estudantil entra praticamente em colapso, restando aos líderes estudantis continuarem a luta na clandestinidade, contando com uma dura repressão, onde a regra eram as prisões e as mortes. O caminho da resistência pela luta armada, guerrilhas, assaltos a banco e sequestros estimulou e agigantou os órgãos de repressão, que aproveitaram a oportunidade para eliminar, ora nas prisões, ora na guerrilha, centenas de jovens incnformados.

            É dentro desta atmosfera política que se desenrola o meu relato Um jovem idealista que, como milhares de estudantes em todo o país, se viu envolvido no vendaval das paixões políticas. Fortemente influenciado por uma situação política séria por que passou o país, fui obrigado a enfrentar situações difíceis e perigosas, vivendo momentos de grande tensão, alegrias, amor e frustração.

            Sobrevivente da década de 60, relato, sem mágoas, sem nenhum sentimento de vingança ou revanchismo, toda a minha paixão. Que tudo o que se passou sirva como uma reflexão para aqueles que não viveram o autoritarismo, e possam, a partir daí, tirar lições do que ocorreu e ver até onde pode chegar a intolerância do ser humano. "




(MATOS, Henrique de Carvalho. Memórias de um ex-clandestino. Parnaíba: Gráfica Spreed, s/d; p. 05-08).